13/05/10

Director do DN da Madeira demite-se por pressões de Jardim

O jornalista Luís Calisto demitiu-se de director do Diário de Notícias (DN) da Madeira. A decisão é "emergente do regime de excepção criado à comunicação social madeirense" pelo presidente do governo regional, Alberto João Jardim, explica hoje em editorial em que lamenta a complacência dos órgãos de soberania face à "estranha democracia" na Madeira e aos "criminosos atentados contra a liberdade de imprensa na região de que têm conhecimento

Calisto acusa Jardim - “habituado a estracinhar adversários e até companheiros seus na praça pública, e a fazer bullying com a imprensa” - de numa “manobra vil e crapulosa” ao procurar afastá-lo da direcção do maior jornal regional do país.

Além de denunciar “o sufoco e cerco” ao DN da Madeira “congeminado e perpetrado” por Jardim “para concretizar o seu antigo projecto de fechar” o centenário matutino madeirense, Calisto critica a sua “estratégia de desvirtuar o mercado regional dos media, passando expressamente a beneficiar em 1992 um jornal concorrente - o Jornal da Madeira (JM) - com uma verba anual astronómica”: 42 milhões de euros na última década que corresponde a cerca de dois euros por exemplar.

Calisto acusa ainda o presidente do governo regional de utilizar “os actos públicos para intimidar os empresários” que anunciavam no DN da Madeira, de reduzir “praticamente a zeros a publicidade oficial” neste diário, entregando-a na quase totalidade ao JM, e de dar “ordens às instituições públicas dependentes do governo regional para cortar as centenas de assinaturas” da publicação que dirigiu nos últimos cinco anos, depois de ter deixado a direcção da RTP-Madeira.

Afirma ainda que, “não satisfeito com os atropelos à lei para levar este diário à falência”, numa “escalada perversa sem escrúpulos” que implicou um “doloroso processo de despedimento” de jornalistas, Jardim passou o JM a gratuito, aumentando a sua tiragem de cinco mil para 15 mil exemplares com “delirantes custos cobertos integralmente pelos impostos do povo”.

Por fim, Luís Calisto lamenta que, apesar de terem “conhecimento dos criminosos atentados contra a liberdade de imprensa na Madeira, o Presidente da República, a Assembleia da República, a ERC, os tribunais, os partidos políticos, o governo de Lisboa” não tenham actuado. “Infelizmente, o que esses dignitários e instituições fazem é vir cá elogiar 'a superior qualidade da democracia na Madeira' e a 'obra' realizada pelo 'democrata' dr. Jardim”, conclui.

In jornal O Publico, 13/05/2010, por Tolentino Nobrega
http://www.publico.pt/Local/director-do-dn-da-madeira-demitese-por-pressoes-de-jardim_1437040

Não temos nós, enquanto cidadãos e membros de um povo eleitor, responsabilidade perante esta insanidade política? Que inimputabilidade é esta, dos governantes, que lhes confere o direito ao despotismo?!

4 comentários:

Mar Arável disse...

São rosas laranja

senhora

Fernando Samuel disse...

Jardim faz o que quer com a complacência ou o aplauso de laranjas e rosas nos governos ou fora deles - e viva a «democracia»...

Um beijo.

Nelson Ricardo disse...

Desta maneira se vê o respeito que os políticos burgueses têm pela democracia. Pouco se importam com o estado da democracia, desde que ela não dê hipótese do povo tomar o poder.

svasconcelos disse...

Mar Arável: isso mesmo! :) bjs,

Fernando Samuel:tem-se comprovado isso em diversas e diferentes situações.Beijo

Nelson Ricardo: ... e sabes que o mesmo político subsidia um jornal ao custo, dizem, de 11 mil euros ao dia!!!, para fazer a sua própria propaganda!... É vergonhosa e triste tal devassidão...:( bjs,