28/07/11

É o sistema, estúpidos!


«A crise durará mais um ano e acabará em 2010». Quem o disse foi Dominique Strauss-Kahn, o ex-director geral do FMI, em Outubro de 2009, afirmando que os efeitos da crise económica durariam mais um ano e que se sairia da recessão no primeiro semestre de 2010. Era o tempo de, a partir do FMI, da Comissão Europeia, das conclusões do Conselho Europeu e da Casa Branca, decretar o início da «recuperação lenta e com desafios», a patranha que deu cobertura à intensificação das medidas de transferência dos efeitos da crise para os estados e para os trabalhadores e os povos

Entretanto as consequências da fuga para a frente do sistema cedo se fizeram sentir e a crise aí está, funda, sem fim à vista e com altíssimas probabilidades de novas e ainda mais violentas explosões, tal como o PCP previu. Mas isso não demove os responsáveis políticos de insistir na mentira e exactamente na mesma estratégia. A recente cimeira da Zona Euro foi mais um «brilhante» exemplo desse exercício. Barroso, Rumpoy e Sarkozy lançaram o mote da resolução dos problemas da crise das dívidas soberanas e do euro e do clima de distensão e alívio. Mas foram precisos apenas dias para que a realidade reduzisse ao ridículo as pomposas declarações, como o comprovam duas notícias veiculadas na passada terça feira.

Uma dá-nos conta do debate esquizofrénico nos EUA entre conservadores e democratas altamente demonstrativa do Estado caótico a que chegou a economia norte-americana. O presidente da maior potência capitalista do mundo veio a público proferir uma declaração a pedir consenso para aumentar o tecto da dívida soberana, ameaçando com um crash norte-americano com consequências para todo o Mundo. A outra reduz a lixo as tão mediáticas conclusões da cimeira do euro: A situação não dá sinais de estabilização, pelo contrário; a especulação acelera e avança para novos países e os juros da dívida soberana de curto prazo de países como a Espanha e a Itália disparam. E só poderia ser assim… é que o problema está no sistema, e esse não foi tocado desde 2008. Bem pelo contrário, esbraceja e defende-se com a guerra social contra os trabalhadores, os povos e a soberania das nações

27/07/11

Quando o Amor Morrer Dentro de Ti


Quando o amor morrer dentro de ti,
Caminha para o alto onde haja espaço,
E com o silêncio outrora pressentido
Molda em duas colunas os teus braços.
Relembra a confusão dos pensamentos,
E neles ateia o fogo adormecido
Que uma vez, sonho de amor, teu peito ferido
Espalhou generoso aos quatro ventos.
Aos que passarem dá-lhes o abrigo
E o nocturno calor que se debruça
Sobre as faces brilhantes de soluços.
E se ninguém vier, ergue o sudário
Que mil saudosas lágrimas velaram;
Desfralda na tua alma o inventário
Do templo onde a vida ora de bruços
A Deus e aos sonhos que gelaram.

Ruy Cinatti

16/07/11

(ai, a vida...)




Essa lesma na tua alma obriga a que os teus sentimentos

mal se movam. E não te adianta dizer que a vida é uma

merda. A vida não dá descanso a ninguém, nem mesmo

aos que vivem fingindo-se de mortos.

Ainda que tenhas medo de fazer perguntas, irás sempre

encontrar respostas. Não te escondas, não te negues e,

sobretudo, não te atrases. É o pior para quem não gosta

de correr, pois a vida não é pródiga a repetir oportunida-

des. E se elas estão na tua cabeça, empresta-as ao teu cor-

po, empresta-as a ti mesmo. Acautela os teus interesses,

simplesmente. Só as coisas simples sabem voar. Os bodes

expiatórios não.

E, por favor, não me digas que estás velho. O tempo não

existe. O que na realidade existe, é o registo do que sou-

bemos fazer com ele. Da capacidade de fazer da nossa vi-

da a melhor coisa que a vida tem. Nem mais, nem menos.

Joaquim Pessoa

11/07/11

Facundo Cabral !



"Não estás deprimido, estás distraído".
Até sempre, poeta das canções, da vida, das lutas...

04/07/11

O que fica...


"No fim tu hás de ver que as coisas
mais leves são as únicas que o vento
não conseguiu levar:
um estribilho antigo,
um carinho no momento preciso,
o folhear de um livro de poemas,
o cheiro que tinha um dia
o próprio vento"

(Mário Quintana)