24/10/09

Com uma criança nos braços


Vem, através de tudo vem,
com lentos, lentos mas implacáveis passos
aquela mulher que tem
uma criança nos braços.
Vem, através das páginas da história
que já não conseguimos apagar
- quem pudesse fechar a memória
e deitar a chave ao mar.
Vem, através de tudo avança.
E há pessoas que ficam ofendidas
porque aquela mulher a aquela criança
deveriam ser proibidas.
Deveriam ser mas para sê-lo
os pássaros não teriam asas
e seria preciso toneladas de gelo
para apagar biliões de brasas.
E ela vem. Como se tudo desenhasse
em lentos, lentos mas implacáveis passos
- como se de Hiroxima voltasse
com uma criança nos braços.
Sidónio Muralha
Este poema, de um grande "poeta da condição humana", é para as meninas- mãe com quem trabalho no (nosso!) Grupo de Teatro do Centro da Mãe.

2 comentários:

Fernando Samuel disse...

Belíssimo poema, dedicado a quem de direito...

Um beijo.

svasconcelos disse...

Parece ter sido escrito para elas...
:)
beijos