Vem, através de tudo vem,
com lentos, lentos mas implacáveis passos
aquela mulher que tem
uma criança nos braços.
Vem, através das páginas da história
que já não conseguimos apagar
- quem pudesse fechar a memória
e deitar a chave ao mar.
Vem, através de tudo avança.
E há pessoas que ficam ofendidas
porque aquela mulher a aquela criança
deveriam ser proibidas.
Deveriam ser mas para sê-lo
os pássaros não teriam asas
e seria preciso toneladas de gelo
para apagar biliões de brasas.
E ela vem. Como se tudo desenhasse
em lentos, lentos mas implacáveis passos
- como se de Hiroxima voltasse
com uma criança nos braços.
Sidónio Muralha
Este poema, de um grande "poeta da condição humana", é para as meninas- mãe com quem trabalho no (nosso!) Grupo de Teatro do Centro da Mãe.
2 comentários:
Belíssimo poema, dedicado a quem de direito...
Um beijo.
Parece ter sido escrito para elas...
:)
beijos
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