17/09/09

Nicolás Guillén


Dois excertos de poemas de Nicolás Guillén, cuja poesia popular afro-antilhana se reveste, sobretudo,de ideais. E de luta. Um dos poemas é ilustrativo do carácter político-social da sua poesia. O segundo , extracto de um longo e belíssimo poema , onde afirma o seu protesto racial, pelo qual se debateu no curso da sua vida e obra, que perdura até hoje por "ser obra de todos".


Burgueses

"Não me dão pena os burgueses
vencidos. E quando penso que vão a dar-me pena,
aperto bem os dentes e fecho bem os olhos.
Penso em meus longos dias sem sapatos nem rosas.
Penso em meus longos dias sem abrigos nem nuvens.
Penso em meus longos dias sem camisas nem sonhos.
Penso em meus longos dias com minha pele proibida.
Penso em meus longos dias."
(...)


Elegia a Emmet Till *

(...)"ora , oh Mississípi,
oh velho rio irmão dos negros!,
agora um menino frágil,
pequena flor das tuas margens,
ainda na raíz das tuas árvores,
não pedra do teu leito,
não caimão das tuas águas:
um menino apenas,
um menino morto, assassinado e só,
negro."
(...)
* Emmet Till foi um menino barbaramente assassinado às mãos de dois brancos na América racista dos anos 50, no Mississipi, por ter dito um piropo a uma mulher branca.

4 comentários:

Armando disse...

E quando temos por cá um poema da autora?

svasconcelos disse...

Por agora, os poemas dos "meus génios" predilectos cumprem bem o propósito deste blogue. (se é que tem algum...:)))
bjs,

A vida não é aqui disse...

mesmo assim. para quando?

Fernando Samuel disse...

GRANDE GUILLEN!


Um beijo.