Há muito que parti.
Abandonei as searas onde nunca vi os
desígnios de deus.
Abandonei a fé.
Caminhei sem destino,
procurei a árvore secreta dos irmãos,
e,com saudade e desvario, abandonei as casas.
Escondi-me.
escondi o último verso numa noite sem fim.
E hoje escrevo para ti que às vezes me escreves,
do outro lado das terras.
Conhecerei um dia as falésias onde o garajau paira,
quando chegar, pela madrugada,
às portas do teu sonho?
De pé, sobre o promontório,
olhas para longe, para os meus barcos que
naufragaram.
José Agostinho Baptista
Há-de haver sempre um regresso, em cada vez que nascer, de ti, outra palavra...
5 comentários:
Poesia fantástica e paisagem a condizer. Já agora, onde é a falésia?
É na Ponta de São Lourenço, Madeira.
E lembrei-me agora que não inscrevi o nome do autor por baixo da foto. Rectifico-o aqui: a foto é da autoria do Miguel Maia.
bjs,:)
«A árvore secreta dos irmãos»: temos que encontrá-la...
Um beijo.
Fernando Samuel: acho que a encontrámos, só temos de a regar e ramificar, mais e mais... :)
Beijos
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