13/09/09

José Agostinho Baptista


Conheci-o há uns anos, primeiro pelos livros, depois pessoalmente. Identifiquei-me de imediato com a sua poesia. Uma poesia que transcrevia a ilha de um modo tão romantizado, à luz da distância da memória e dos seus afectos. Acho-o um poeta único no panorama poético actual, um destilador de palavras, um derradeiro romântico. As palavras, por ele, assumem-se dolorosas, e camufladas de uma beleza e ternura desconcertantes. Houve alguém que definiu bem a sua poesia como uma beleza que magoa, ou uma dor que comove.


E é assim que se reveste a poesia de José Agostinho Baptista, palavras doces e ternas que denunciam dores irreparáveis. Uma elegia , triste e amarga, que descreve os quintais recônditos da sua bondade , onde o homem e o poeta se confundem. E se fundem.


BASALTO

Dizias que em tudo lias o meu nome mas eu
só conheço a melancolia que habita o outro
lado das palavras.

Promete-me que não foges, disseste depois, à
boca de um túnel,
na cidade que ruía.

Pensa agora, ao acenderes uma candeia no alpendre onde te
sentas ao lado dos cães, na ilha de deus, pensa que já estou aí,
que trago no meu rosto tardio duas rosas de
basalto,
que sou o anjo triste,
que regressei para sempre do continente das
trevas.

José Agostinho Baptista

www.jabaptista.com

Meu amigo, nem anjos nem poetas se podem arrediar das "rosas de basalto". Nem dos túneis de medo que se escondem na cidade das tuas trevas...




2 comentários:

Fernando Samuel disse...

É bonito.
Não conhecia.

Um beijo.

Anónimo disse...

MUITO INTERESSANTE...PASSEI POR AQUI..CONHECI...VOLTAREI...JA ADD NOS FAVORITO..ALIÁS..NOS FAVORITOS DOS FAVORITOS RSS]
Savinho- Mococa SP