Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
o mar...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.
Miguel Torga
Um poeta gigante, uma torga de onde parti há uns anos, no rasto do mar. Para trás ficaram os penedos do meu temor, a agrura dos meus anos , a saudade do reino que o vate eternizou... E quantas vezes, no delírio dos seus poemas, as lágrimas desaguavam no pequeno corgo que se esgueirava na cidade onde um dia cheguei, com a ânsia fremente de partir...
E as viagens repetem-se, na teimosia, vigente no delírio, dos que (ainda) ousam sonhar.
3 comentários:
Como eu discordo do Torga. E que heresia para um transmontano. Claro que o que importa é chegar, quando chegamos ao nosso "terrão".
Se eu tivesse uma "Pedome" no coração, também pensaria como tu:)
Dois belos poemas...
Um beijo.
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