11/09/09

11 de Setembro

Que mais nenhum onze de Setembro se repita!,em qualquer lugar do mundo, em qualquer outro dia da História!

Pela voz de Victor Jara, algures entre o 11 de Setembro de 1973 e o dia da sua morte, em 16 de Setembro:

Somos cinco mil
nesta pequena parte da cidade.
Somos cinco mil.

Quantos seremos no total,
nas cidades e em todo o país?
Somente aqui, dez mil mãos
que semeiam e fazem andar as fábricas.

Quanta humanidade com fome, frio, pânico,
dor, pressão moral, terror e loucura!
Seis de nós se perderam
no espaço das estrelas.
Um morto, um espancado
como jamais imaginei
que se pudesse espancar um ser humano.

Os outros quatro
quiseram livrar-se de todos os temores
um saltando no vazio,
outro batendo a cabeça contra o muro,
mas todos com o olhar fixo da morte.

Que espanto causa o rosto do fascismo!
Colocam em prática seus planos com precisão arteira,
sem que nada lhes importe.
O sangue, para eles, são medalhas.

A matança é acto de heroísmo.
É este o mundo que criaste, meu deus?
Para isto os teus sete dias de assombro e trabalho?

Nestas quatro muralhas só existe um número
que não cresce, que lentamente quererá mais morte.

Mas prontamente me golpeia a consciência
e vejo esta maré sem pulsar,
mas com o pulsar das máquinas
e os militares mostrando seu rosto de parteira,
cheio de doçura.

E o México, Cuba e o mundo?
Que gritem esta ignomínia!
Somos dez mil mãos a menos que não produzem.
Quantos somos em toda a pátria?
O sangue do companheiro Presidente
golpeia mais forte que bombas e metralhas.
Assim golpeará nosso punho novamente.

Como me sai mal o canto
quando tenho que cantar o espanto!
Espanto como o que vivo
como o que morro, espanto.

De ver-me entre tantos
e tantos momentos do infinito
em que o silêncio e o grito
são as metas deste canto.

O que vejo nunca vi,
o que tenho sentido e o que sinto
fará brotar o momento...

1 comentário:

Fernando Samuel disse...

A brutalidade fascista e a coragem de quem luta até à morte...

Um beijo.