
Peniche, 14-IX-1965
Meu filhito muito querido
[...]
E quase, quase que apostava que não conheces os bonecos de hoje do paizinho. Ora, quem havia de ser!... O nosso ursinho «Papusso», o coelhinho «Rabino», o Ti João Gadelha e mais os irmãos mais pequeninos do Rabino.
Mas que paparoca estarão eles a comer?
Pois é, os marotos andavam todos a comer as cenouras da horta do Ti João Gadelha e nem se lembravam que ele tinha de vendê-las no mercado para comprar sapatos e vestidos e calções para os seus meninos.
- Que é lá isso, patifórios, a comerem as minhas ricas cenouras… - gritou o Ti João quando os viu no meio da horta.
Os irmãos pequeninos do Rabino ficaram muito atarantados mas o Rabino alçou o rabete, alisou os bigodes e disse para o Ti João:
- Ti João Gadelha, não seja mau que nós temos muita fomeca. Que havemos nós de comer, não me diz?
O Ti João Gadelha não é mau lá isso não. Ficou um bocadinho calado a olhar para eles, pôs um dedo na cara pensativo e depois disse-lhes:
- Bom, vou dar-vos de comer, mas cenouras não que me fazem falta. Maria! Maria! Traz duas malgas de milho para esta freguesia! E todos contentes, o «Papusso» a dar aos irmãozinhos pequenos do «Rabino», comeram umas belas pratadas de milho amarelinho. E o Ti João lá ficou a vê-los com as suas bogodaças negras arrepanhadas num sorriso.
Afectuosos abraços aos Padrinhos e um xi-coração apertado e beijinhos cheios de ternura e saudades do
Pai"
6 comentários:
Que mais se pode dizer?...
Um beijo.
Comovente. Sem mais palavras.
Beijo.
Beijos tantos
Fernando Samuel: pois, é mesmo só deixar que o sorriso desencadeado por tanta ternure se solte...Um beijo!
Maria: Se é! Tinha saudades de ler tanta ternura e beleza num texto... Um beijo
Mar Arável: para ti também.:) E para o António Dias Lourenço.
Quanta ternura!
Luísa: é mesmo!:)) Bem-vinda.
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