05/03/10

FRONTEIRA




De um lado da terra, doutro lado da terra;
De um lado gente, doutro aldo gente;
Lados e filhos desta mesma serra,
O mesmo céu os olha e os consente.

O mesmo beijo aqui, o mesmo beijo além;
Uivos iguais de cão ou de alcateia.
E a mesma lua lírica que vem
Corar meadas de uma velha teia.

Mas uma força que não tem razão,
Que não tem olhos, que não tem sentido,
Passa e reparte o coração
Do mais pequeno tojo adormecido.

Miguel Torga

2 comentários:

Fernando Samuel disse...

Torga sempre actual.

Um beijo.

svasconcelos disse...

Fernando Samuel: sempre!:) Beijo.