11/12/09

Primeira ode ao amor

(...)
Que desejo é este,
insensato,
que nada vence, nada apazigua,
nenhuma chama por inteiro queima,
nem sequer satisfazê-lo?

Porque não posso eu,
Porque não podemos nós, amor,
amar-nos mais,
até um aniquilamento
idêntico ao do vinho,
idêntico ao da ira,
idêntico ao da morte?
(...)

Dá-me os teus lábios.
Quero
contigo num mesmo sono mergulhado,
em mim perder-te,
perder-me em ti,
inconscientes eu e tu, mas um do outro.


*Armindo Rodrigues in Canto Fausto

Além de poeta e médico, Armindo Rodrigues foi também tradutor (traduziu, por exemplo, André Malraux, autor de A esperança, um dos "meus livros "). Foi co-fundador do PEN club português, e ,com outros autores, foi quem ajudou a pagar a primeira edição da primeira obra de José Cardoso Pires : Os caminheiros e outros contos.

6 comentários:

Formiga disse...

No dia em que houver mais pessoas a lerem este tipo de textos maravilhosos, em vez de jornais deposrtivos, o nosso muda, muda para muito melhor...

Fernando Samuel disse...

Foi, também, um grande resistente ao fascismo e militante do PCP - esteve preso várias vezes...

Um beijo.

svasconcelos disse...

Sopro Leve: eu também já confio pouco na nossa imprensa, desportiva ou não...

Fernando Samuel: um grande Homem!Só o pode ser, quem luta coerentemente por ideais colectivos.
beijo,

Mar Arável disse...

Boa memória

Bj

Mar Arável disse...

Estamos a viver um tempo frio

sem abrigo

É preciso um fósforo

na palha

svasconcelos disse...

Mar Arável: Sim, é uma grande memória! As memórias, por vezes, são a chama capaz de acalorar o (nosso ) caminho...
bjs,