09/11/10

A ti -II

Necessito de mim mais do que de ninguém.
Mas mentiria se não te confessasse o quanto preciso de ti.
Tu és o meu vinho e a minha ressaca. A minha árvore
e a minha floresta.
O meu cavalo. A minha casa, o meu mar, o meu coral.
A minha teimosia e a minha lucidez.
O meu pássaro de chuva e o meu pássaro de fogo.
A minha distância, o meu abismo, a minha fuga.
A minha sombra e o meu túnel. O atalho para o outro lado de
mim.

Tu és a minha estrela e o meu guia.
A minha porta, o meu clarão, a minha injúria.
O meu grão, o meu vento, o meu moinho.
O meu sortilégio. O fim da festa e o meio-dia.
O meu carnaval, o meu brinquedo, o meu dia santo.
O meu pecado, a minha penitência.
O ouro, a ofensa, o desvario.
És o meu hábito e o meu monge. A minha estrela e o meu pão.
A minha irmã branca, a minha irmã negra, a minha irmã de
novas latitudes.
Tu és
(...), o meu combate, o meu sorriso.
Tu és o meu cálice. O meu elixir e o meu veneno. O vinho
que dá coragem às medusas.
Necessito de ti mais do que de ninguém. Mas
mentiria se não te confessasse o quanto
preciso de mim.

(Do livro a publicar, ANO COMUM)

Joaquim Pessoa

5 comentários:

Armando Sena disse...

Silvia, já se notava por cá a tua falta. E que belo poemas nos deixaste.

svasconcelos disse...

Armando: Já percebi que gostas de Joaquim Pessoa.:)) Amanhã, seria o dia ideal para te oferecer (com muito gosto!)um livro deste autor.:))
Quanto à minha ausência por cá, deve-se a tanto trabalho e outros afazeres, até dia 24 deste mês, pelo menos. beijo, até amanhã!:))

Fernando Samuel disse...

Mais um (naturalmente) belo poema de Joaquim Pessoa.

Um beijo.

O Puma disse...

Boa noticia

Bjs

svasconcelos disse...

Fernando Samuel: se é!! Quanto mais o leio mais gosto dele.:) Beijo

Puma: E é verdadeira.:) Beijo,