20/11/10

Conversas de café e doutros lugares

O dia da greve está mais próximo e as opiniões repartem-se e acendem-se em discussões em torno da mesma. E isto é bom, mesmo quando as divergências se inconciliam. Mau, é quando se depara com a indiferença e a apatia de uma grande fatia da população, perante o estado de justiça social actual.
Por vezes respondem-me: " Eles é que mandam, que vamos fazer?!". Descrever a inquietação que estas palavras me provocam não é fácil, eu própria emudeço, atónita, indignada e estupefacta!, com a resignação simplista e inadmissível de algumas pessoas. Por vezes consigo retorquir: "Mas é o povo que os elege, é o povo quem manda, portanto!".
Outra frase que corre pelo rebuliço dos cafés, é " Fazer greve para quê?! Fica tudo na mesma". Afigura-se difícil insistir que é pela luta que vamos, que no passado homens e mulheres, por pensarem contrariamente, vingaram nas suas causas, que vieram a beneficiar gerações, a conferir direitos, outrora incalculáveis, à humanidade!

Ontem ia na rua e face à propaganda da CGTP, num carro que circulava, ripostava um empregado de uma loja, que estava à porta: "São vocês que me vão pagar o salário, não?!". Aí não me contive e atirei-lhe: " E você é justamente pago pelo seu patrão?!". Respondeu-me uma sua colega, que estava ao seu lado, encolhendo os ombros: " Ah, sabe como é... patrões...". Sei sim. E por saber é que não me conformo, não me acomodo. Por saber, é que me insurjo contra a exploração de milhares de trabalhadores, contra a subtracção de salários e direitos sociais conquistados por outras gerações, tantas vezes, à custa da sua própria vida!

Nenhuma conquista se fez num ímpeto, resulta sempre de um sonho que se transfigura em batalhas, persistência e convicções. Por vezes demora, entre avanços e recuos. A greve do próximo dia 24 é uma , entre tantas reivindicações possíveis que virão (terão de vir!) contra a política vigente que atira a cada dia milhares de pessoa para o desemprego e empedernidamente avulta a miséria e a fome entre famílias.

Que futuro queremos nós assegurar para as gerações vindouras, se não lutarmos pela reversão destes crimes ?!

O silêncio, a indiferença, como alguém já o proferiu, é tão criminoso quanto o crime em si. E, para mim, é a pior expressão da covardia.


E por tudo isto, VALE A PENA LUTAR, sim!

5 comentários:

César Ramos disse...

... São estas 'bocas' conformistas que me tiram do sério.
Penso mal, mas penso:
- Os que praticam o culto de que não vale a pena, merecem tudo o que lhes acontece e há-de acontecer...

Dizia-se dantes: " e levanta-se o padeiro à meia-noite, para dar de comer a esta malta...!"

Olham só para o próprio umbigo e pouco há a fazer! Há que recuperar o trabalho adormecido de os abanar através de procedimentos 'caseiros' - panfletos com a linguagem adequada... etc.!

O povo julga-se bem instalado (democraticamente) no sofá do poder, e não se enxerga que está no capacho!

Isto é: perdeu, ou não chegou a ter, consciência de classe!

As conversas 'soberanas' nos Cafés é bola!
E quando pretendo ir mais além, abrem a boca de sono com a minha conversa!

Um bom domingo
César

Armando Sena disse...

Ainda não vai ser desta que me vou estrear nas andanças da Greve.
Boa luta para todos.

Fernando Samuel disse...

Vale a pena, é necessário, é imprescindível lutar!

Um beijo.

O Puma disse...

Cada vez mais contra a indiferença

svasconcelos disse...

César: Percebo-te bem, padeço da mesma frustração. Que vinguem as nossas convicções, ainda mais quando são por um bem colectivo.
Quanto aos acomodados...que ao menos sintam vergonha por serem os outros a ter que lutar pelo bem estar dos seus filhos, em vez deles. Se tiverem tal consciência, claro...
Um beijo

Armando: ... lutaremos por ti também. Um Beijo,

Fernando Samuel: se dúvidas existem em algumas cabeças, liguem os noticiários de vez em quando e deparem-se com um termo reincidente em todos eles: POBREZA!
Um beijo,

Puma: face à conjuntura, francamente é-me incompreensível.Dissimula o medo? Já me apetece vociferar: quem tem medo compra um cão!
Um beijo,