mãe, tenho pena. esperei sempre que entendesses
as palavras que nunca disse e os gestos que nunca fiz.
sei hoje que apenas esperei, mãe, e esperar não é suficiente.
pelas palavras que nunca disse, pelos gestos que me pediste
tanto e eu nunca fui capaz de fazer, quero pedir-te
desculpa, mãe, e sei que pedir desculpa não é suficiente.
às vezes, quero dizer-te tantas coisas que não consigo,
a fotografia em que estou ao teu colo é a fotografia
mais bonita que tenho, gosto de quando estás feliz.
lê isto: mãe, amo-te.
eu sei e tu sabes que poderei sempre fingir que não
escrevi estas palavras, sim, mãe, hei-de fingir que
não escrevi estas palavras, e tu hás-de fingir que não
as leste, somos assim, mãe, mas eu sei e tu sabes.
José Luís Peixoto
A25A
Há 1 dia
4 comentários:
Do ventre
até à foz
LINDO!
Um beijo.
No dia em que perdemos a NOSSA mãe, concluímos que por mais que se tenha dito e feito... nada foi demais e ... tanto ficou por dizer... Perdi a minha. Partiu olhando nos meus olhos e naquele último olhar muito dissemos sem palavras e muito mais ficou por dizer
Mar Arável: :) É para onde caminhamos... beijo,
Fernando Samuel: também achei e não hesitei em trazê-lo para aqui.:) beijo,
Paula: Acho que é um denominador comum a todos nós: nunca dizemos tudo o que queremos a quem gostamos. Não pela forma verbal, porque um olhar é capaz de selar a vastidão doa afectos. beijo,
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