Talvez o caos,
o quarto abandonado, o fardo da agonia,
talvez o copo estilhaçado entre dentes,
a pluma que escreve em estranha língua de
cegueira e pavor,
talvez tudo isso seja digno de ti ou desta
mágoa
que faz aqui o seu abrigo e me acompanha
derradeiramente
pelos dias que virão como um animal
ferido,
a águia, o antílope, a noite,
a noite que já não contém o desejo, o
alento,
nada que possa ser dito e feito,
a noite das minhas mãos frias, agarradas
à garganta,
aos seus gritos que se voltam para dentro,
para as fogueiras sangrentas do amor.
José Agostinho Baptista
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