29/11/09

Contra o racismo II





LITLE ROCK
*

Um blues chora com lágrimas de música
na manhã fria.
O sul branco agita
o seu chicote e fere. Entre espingardas
pedagógicas as crianças negras vão
à sua escola de medo.
Quando chegarem às aulas
Jim Crow será o professor,
filhos de Lynch serão os condiscípulos
e haverá em cada carteira
de cada criança negra
tinta de sangue, lápis de fogo.

Assim é o sul. O seu chicote não pára.

Naquele mundo faubus,
sob aquele duro céu faubus de gangrena,
as crianças negras podem
não ir com as brancas à escola.
ou ficar suavemente em casa.
ou ( nunca se sabe)
deixar-se ferir até à morte.
ou não se aventurar pelas ruas.

Ou morrer entre balas e cuspo.
Ou não assobiar à passagem duma rapariga branca.
(...)

Nicolás Guillén

Até 1965 ainda vingavam as leis racistas de Jim Crow nos EUA, que subtraíam direitos a todos os que não fossem brancos. Foi a era da "supremacia branca" , um marco de vergonha para a Humanidade.

* Um século antes a corajosa Harriet Beecher escrevia a obra que Tolstoi considerou "uma das grandes produções da mente humana" : "A cabana do Pai Tomás".

Obra essa que, cada vez mais pertinentemente, deveria incorporar o canône académico de todas as escolas do mundo.

Contra o racismo I

LÁGRIMA DE PRETA

Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
António Gedeão
Qualquer preconceito é desprezível e não merecedor da condição humana.
De igual modo, os mecanismos sociais que discriminam comportamentos diferentes são inviáveis numa sociedade que se quer justa e igual, e como tal não há espaço para os ditos " grupos dominantes".
Que movimentos como estes - apartheid, nazismo ,ku klux klan e outros similares - não voltem a vingar na História!

25/11/09

Cultivo una rosa branca


Cultivo una rosa blanca
En Junio como en Enero,
Para el amigo sincero,
Que me da su mano franca.

Y para el cruel que me arranca
El corazón con que vivo,
Cardo ni ortiga cultivo
cultivo una rosa blanca.

José Martí

* Poeta, pensador e jornalista cubano, também conhecido por "El apóstol", ou o grande mártir da independência de Cuba relativamente a Espanha.
É autor de frases como esta:
"Uma pitada de poesia é suficiente para perfumar um século inteiro".
E a sua poesia confirma-o.

21/11/09

Poema do Gato

Quem há-de abrir a porta ao gato
quando eu morrer?
Sempre que pode
foge prá rua,
cheira o passeio
e volta pra trás,
mas ao defrontar-se com a porta fechada
(pobre do gato!)
mia com raiva
desesperada.
Deixo-o sofrer
que o sofrimento tem sua paga,
e ele bem sabe.
Quando abro a porta corre pra mim
como acorre a mulher aos braços do amante.
Pego-lhe ao colo e acaricio-o
num gesto lento,
vagarosamente,
do alto da cabeça até ao fim da cauda.
Ele olha-me e sorri, com os bigodes eróticos,
olhos semi-cerrados, em êxtase,
ronronando.
Repito a festa,
vagarosamente.
do alto da cabeça até ao fim da cauda.
Ele aperta as maxilas,
cerra os olhos,
abre as narinas.
e rosna.
Rosna, deliquescente,
abraça-me
e adormece.

Eu não tenho gato, mas se o tivesse
quem lhe abriria a porta quando eu morresse?

António Gedeão *

É um dos poetas que mais gosto, talvez porque teatralizei muito cedo alguns dos seus poemas, e tornaram-se, para mim , inesquecíveis : " Calçada de carriche", "Lágrima de preta", "Pedra filosofal", entre outros, e, claro, este "Poema do gato".
Porque ao contrário do poeta, eu tenho gato. :)

18/11/09

o AMIGO Lança

O AMIGO de um amigo partiu... mal o conheci pessoalmente, mas durante quase três anos convivi com a sua presença, exprimida pelas repetidas remetências ao seu nome. O meu amigo exaltava diariamente o "Lancinha", como lhe chamava, ou o "senhor arquitecto", sem que o "Lancinha" tivesse arquitectado alguma coisa, a não ser a grande Amizade que os unia. Todos os dias regavam a "frondosa árvore" da amizade, repetindo rituais e rotinas que passavam por aparentes insignificâncias: mensagens escritas ao acordar, jocosas e provocatórias, a comentar as derrotas do Benfica (para gáudio de um) ou as vitórias do Nacional (para folgança do mesmo); a disparatar sobre a política e despropositar no governo e nos ministros... Esta era uma amizade que se alimentava diariamente à distância que permeia Beja e Viseu. Por várias vezes assisti a conversas telefónicas entre os dois e aqueles minutos eram uma festa, as gargalhadas manavam estridentes e a ironia cómica que as distinguia era contagiante. Era afinal a expressão de uma amizade que nascera há tantos anos no Alentejo e que não se perdera na sucessão de dias que nos remetem para tão longe dos afectos...
Só vi o "Lancinha" uma vez, em Setúbal, mas era como se já o conhecesse. Foi fugaz o nosso encontro, ficou-me na memória um homem simples, sempre risonho, com aquela bonomia alentejana gravada no rosto. Hoje partiu, deixando o meu amigo inconsolável. Há pouco recordava-o comigo, ao telefone, e demos por nós a rir do humor do "Lancinha", das mensagens do "camarada Lança", como era também tratado pelo meu amigo, das peripécias dos seus amores, das histórias que viveram juntos... E rimo-nos. Como a camuflar as lágrimas que o meu amigo não verteu, mas que sei que as solta em surdina...

Horário do Fim

morre-se nada
quando chega a vez

é só um solavanco
na estrada por onde já não vamos

morre-se tudo
quando não é o justo momento

e não é nunca
esse momento

Mia Couto


A todos e a cada um dos meus amigos

Por um por todos por nenhum
faço o meu canto a minha mágoa
num desencanto aberto pelo gume
deste pranto tão limpo como a água.
(...)

Joaquim Pessoa

Até sempre "Lancinha"!

A Utopia serve para caminhar!



" A Utopia está lá no horizonte.
Aproximo-me dois passos, ela se afasta dois passos.
Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos.
Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei.
Para que serve a Utopia?
Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.
"

Eduardo Galeano *

* Escritor uruguaio e jornalista de propensão política, viveu no exílio na sequência do golpe militar no Uruguai. Pensador e homem da cultura, teve como marco na sua obra o célebre livro " As veias abertas da América Latina" (que Chávez ofertou a Obama, publicamente, numa cimeira).

15/11/09

É definitivamente proibido!

Pablo Neruda
Queda prohibido llorar sin aprender,
Levantarte un día sin saber que hacer,
tener miedo a tus recuerdos...

Queda prohibido no sonreir a los problemas,
no luchar por lo qui quieres,
Abandonarlo todo por miedo,
No conventir en realidade tus sueños,...

Queda prohibido no intentar comprender
a las personas,
pensar que sus vidas valen menos que la tuya,
no saber que cada uno tiene su camino y su dicha...


Queda prohibido no crear tu historia,
no tener un momento para la gente que te necesita,
no comprender que lo que la vida te da,
tambien te lo quita ...

Queda prohibido, no buscar tu felicidad
no vivir tu vida con una actitud positiva
no pensar en que podemos ser mejores,
no sentir qui sin ti, este mundo no sería igual...


Um grande poema que me foi enviado por um amigo, via e-mail, um apelo veemente à força intrínseca que nos compõem, para que se materialize na LUTA pela qual cada um de nós é responsável...

14/11/09

Ode à Paz


Pela verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza,
Pelas aves que voam no olhar de uma criança,
Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza,
Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança,
Pela branda melodia do rumor dos regatos,
Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia,
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego dos pastos,
Pela exactidão das rosas, pela Sabedoria,
Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes,
Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos,
Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes,
Pelos aromas maduros de suaves outonos,
Pela futura manhã dos grandes transparentes,
Pelas entranhas maternas e fecundas da terra,
Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra,
Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna,
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz.
Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira,
Com o teu esconjuro da bomba e do algoz,
Abre as portas da História,
deixa passar a Vida!
Natália Correia
Hoje, a esta hora, em Lisboa, decorre uma marcha mundial pela paz, uma festa multicultural com marcha desde o Marqûes até ao Martim Moniz. Estas iniciativas nunca são em demasia num mundo que se almeja melhor, muito melhor...
E ao invés do que se pense ou se diga, fazem diferença, sim!, mesmo que essa diferença possa parecer pouco visível (para alguns, claro).

12/11/09

O Mar

I

El mar. La mar. El mar. ¡Sólo la mar!
¿Por qué me trajiste, padre, a la ciudad?
¿Por qué me desenterraste del mar?
En sueños, la marejada me tira del corazón. Se lo quisiera llevar.
Padre, ¿por qué me trajiste acá?

II

Gimiendo por ver el mar,
un marinerito en tierra
iza al aire este lamento:
¡Ay mi blusa marinera!
Siempre me la inflaba el viento
al divisar la escollera.

III

Pirata de mar y cielo,
si no fui ya, lo seré.
Si no robé la aurora de los mares,
si no la robé,
ya la robaré.
Pirata de cielo y mar,
sobre un cazatorpederos,
con seis fuertes marineros,
alternos, de tres en tres.
Si no robé la aurora de los cielos,
si no la robé,
ya la robaré.
* Rafael Alberti, poeta espanhol, o último da Geração de 27, à qual também pertenceu Garcia Lorca, foi um amante das palavras e do mar.

Tavez o mar seja um lamento,
um chão de lágrimas
derramadas por poetas...

10/11/09

A culpa não é deles


... é de quem inflige maus-tratos a todo e qualquer ser, incapaz de se defender.

07/11/09

Discurso tardio à memória de José Dias Coelho


Éramos jovens, falávamos do âmbar
ou dos minúsculos veios de sol espesso
onde começa o verão; e sabíamos
como a música sobe às torres do trigo.

Sem vocação para a morte, víamos passar os barcos,
desatando um a um os nós do silêncio.
Pegavas num fruto: eis o espaço ardente
do ventre, espaço denso, redondo, maduro,

dizias: espaço diurno onde o rumor
do sangue é um rumor de ave
-repara como voa, e poisa nos ombros
da Catarina que não cessam de matar.

Sem vocação para a morte, dizíamos. Também
ela, também ela não a tinha. Na planície
branca era uma fonte: em si trazia
um coração inclinado para a semente do fogo.

Morre-se de ter uns olhos de cristal,
morre-se de ter um corpo, quando subitamente
uma bala descobre a juventude
da nossa carne acesa até aos lábios.

Catarina, ou José - o que é um nome?
Que nome nos impede de morrer,
quando se beija a terra devagar
ou uma criança trazida pela brisa?


Eugénio de Andrade
Deparei-me com este poema no blogue "Cravo de abril", um dos que sigo por razões várias, que passam pela profundidade da poesia escolhida, pela identidade ideológica e não raras vezes pela contra-informação capaz de elucidar e contrapor a corrente informativa vigente, e, desde logo, achei que se enquadraria neste "Catarina de todos nós".
Ainda oiço dizer que a Catarina Eufémia é um mito enaltecido oportunisticamente, o que, no mínimo, me indigna. Uma mulher, jovem, analfabeta, assalariada rural, com três filhos, foi barbaramente assasinada com um dos filhos ao colo (!!) quando reivindicava , numa greve, a justiça do seu salário, ou seja, o "trabalho e pão" para os seus filhos, e ainda há quem ache que esta mulher foi mitificada?! Mas não é esta ceifeira, em si mesma, um ícone para todos os que se indignam com a injustiça salarial, seja ela de género ou de outra natureza qualquer?
José Dias Coelho, artista (a gravura, "Catarina Eufémia", escolhida para a apresentação do poema é de sua autoria) e intelectual, também ele um marco de lutas e resistência antifascista, foi, por isso, assassinado. A ele, Zeca Afonso dedicou a música : "A morte saíu à rua".
Bem-aventurados sejam as Catarinas e Josés deste mundo!

05/11/09

About U.S.A. - Grande América



Parte I do poema de José Salsorte, porque a face de um país tem sempre um reverso, e eu gosto de reservar o melhor para o "fim":


Grande América
United States of
pátria dos Orson Welles predestinados
para a comunicação imagética
berço embriagante dos blues em New Orleans
terra de Lincoln, Roosevelt, Kubrick
reino onde germinaram seduções de Whitman, Bogart, Twain
e glorificada por Sinatra, Allen, Brando, London
três gerações indómitas
- os exploradores polares
- os pioneiros da aeronáutica
- os aventureiros cósmicos

Grande América
United States of
enaltecida pela música, desde o jazz até às baladas dos protestos
palco daquele precipitado primeiro de Maio em Chicago
patrona dos Direitos do Homem
potentado da Ciência ao serviço do Progresso
conforme o demonstraram Edison ou Franklin ou Bell e Morse
semente do raciocínio eclético de Ângela Davis a Paul Robson
razão contida em George Jackson e também Malcolm X

Grande América
United States of
que te soubeste expôr perante o mundo
na casa Kaufmann das Cascatas e no gigantismo de Lloyd Wright
sobre as melodias impressionadas por Copland, Simon, Gershwin e Bernstein
através literaturas contestatárias dos Caldwell, Miller, Poe
com ternuras de Fitzgerald, Hemingway, Steinbeck, Pound
e graças aos heróicos repórteres de tantos Watergates

Grande América
United States of
fonte dos hereditários princípios semelhantes
elegia ancestral da libertação colonial
sumo do Amor brusco e outonal
como Reed te estremeceu universalmente

Grande América

04/11/09

About U.S.A. - Pobre América


Um poema de José Salsorte, II parte:


Pobre américa
united states off
pátria dos imperdoáveis "trusts" multinacionais
ventre mórbido da escravidão legalizada
berço da ku klux klan no tennessee congeminada
terra prometida à "cosa nostra", ao monroeismo, às reservas índias
reino que embalou os ultra-nacionalismos
e manchada por sinatra, macarthur, enola gay, my lai

três gerações assassinas
- a chacina dos autóctones
- a aposta coreana
- a lição no vietnam

pobre américa
united states off
meretriz do capitalismo desde o haiti até à tailândia
frustração demonstrada sob sacco e vanzetti
coito da bomba nuclear
mãe desalmada dessas enormidades cometidas
em hiroshima, nagasaki e little bighorn
infâmia personalizada por mccarthy, goldwater, marshall
hipocrisia de truman e também nixon

pobre américa
united states off
que escondes ao respeito pelo mundo
os ghettos de harlem e os livros de mccoy
as nacionalidades de stern, kazan ou nabukov
as arqui-conjuras dos senadores congressistas
os golpes de estado pinochetescos
e as dextras intenções dos jornais sem página esquerda

pobre américa
united states off
fosso da acumulada segregação racial
sintético slogan do self-made-man
esperma ejaculado na guerra e na miséria
com que persistes infestar o planeta

pobre américa

Sto. António Caparica, Outubro 1972
Um poema fortíssimo e "cortante". Na verdade é um dos lados de um grande poema que resume a América, sob um olhar justíssimo e certeiro.

03/11/09

Sol do Mendigo


Olhai o vagabundo que nada tem
e leva o sol na algibeira!
Quando a noite vem
pendura o sol na beira dum valado
e dorme toda a noite à soalheira...

Pela manhã acorda tonto de luz
vai ao povoado e grita:
- Quem me roubou o sol que vai tão alto?
E uns senhores muito sérios rosnam:
- Que grande bebedeira!

E só à noite se cala o pobre.
Atira-se para o chão
dorme, dorme....

Manuel da Fonseca

Há muito que não lia nada de Manuel da Fonseca, desde a "Seara de vento", a "Aldeia nova" ou a "Rosa dos ventos". Saudades da família Palma e do conflito com as forças oligárquicas da sua aldeia, e do Mestre Finezas e da Maria Altinha... textos lindíssimos repletos de investidas sociais e políticas e , claro, de um humanismo sensibilizador.

Hoje um amigo enviou-me este poema por e-mail e não resisti a postá-lo aqui. Era um dos poemas favoritos do seu pai, José Salsorte, também ele, um poeta de muitas lutas.

02/11/09

O mundo de Obama


Hoje calhou-me uma daquelas conversas de café que trouxeram a política internacional à ribalta. Não sou indiferente ao assunto, pelo contrário, mas também reconheço que na maioria das vezes se discute sem dispor de toda a informação necessária para se retirar ilações e formular opiniões conformemente. Umas vezes, porque não se tem tempo para a procurar, outras porque a informação que nos chega vem de tal forma censurada e manipulada, que, qualquer juízo que se faça, incorre na presunção de erro.
Na maior parte das vezes, tende-se a opinar pela mera leitura dos títulos garrafais ou panfletários da imprensa (sobretudo a de cordel ) , e neste raciocínio afirmava-se hoje, por exemplo, que Cuba tinha acusado peremptoriamente os EUA de introduzir a gripe A na ilha....
Bem, o que me foi possível ler conduz-me a uma leitura e interpretação bem diferentes : " (...) Se produjo así el extraño caso de que Estados Unidos, por un lado, autorizó los viajes del mayor número de personas portadores del virus y, por otro, prohíbe la adquisición de equipos y medicamentos para combatir la epidemia. No pienso, desde luego, que esa haya sido la intención del gobierno de Estados Unidos, pero es la realidad que resulta del absurdo y vergonzoso bloqueo impuesto a nuestro pueblo.”

Na mesma conversa houve quem defendesse convictamente que o mundo mudava gradualmente (ou que mudaria) com a liderança de Obama. Mais uma vez ressalvo o facto de poder não estar devidamente documentada, ou de andar a ler jornais bem diferentes dos demais, mas contrapus uma sucessão de afirmações do "género", na medida em que:
- A crise não se resolveu e não me parece que se vá resolver com a táctica económica utilizada, que, ao que sei, foi a mera injecção de muito (muitooo!!) dinheiro dos contribuintes aos bancos e empresas falidos. Algum economista que me socorra se estiver errada, até porque este não é o meu domínio, mas o combate à crise não se faria antes com o estabelecimento de regras (normas!) no sistema financeiro?!

- Obama mudou de discurso, é verdade, e com reconhecidos dotes de retórica ( e só! ) lá vai convencendo o mundo que tem vontade política de resolver o conflito Israelo-Palestiniano; que tem boas intenções para com o mundo islâmico, que retiraria gradualmente as tropas do Iraque, do Afeganistão...; que pretende encerrar Guantánamo (foi promessa eleitoral, se me lembro, cuja solução seria cumprida em 100 dias!)... Ah, e ainda as Honduras, criticou o golpe militar, é um facto , ao que parece, mas interveio convictamente no conflito?Já lhe pôs termo? Ora, se o golpe fosse na Colômbia queria ver...

E a realidade, no meio de tanto "optimismo", é que este presidente continua a não dar sinais de mudança. O mundo de Obama não é, afinal, diferente do de Bush, por mais "angélico" que queira parecer.