Aborreço-te muito. Em ti há qualquer cousa
De frio e de gelado, de pérfido e cruel,
Como um orvalho frio no tampo duma lousa,
Como em doirada taça algum amargo fel.
Odeio-te também. O teu olhar ideal
O teu perfil suave, a tua boca linda,
São belas expressões de todo o humano mal
Que inunda o mar e o céu e toda a terra infinda.
Desprezo-te também. Quando te ris e falas,
Eu fico-me a pensar no mal que tu calas
Dizendo que me queres em íntimo fervor!
Odeio-te e desprezo-te. Aqui toda a minh’alma
Confessa-to a rir, muito serena e calma!
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Ah, como eu te adoro, como eu te quero, amor!…
Florbela Espanca
4 comentários:
O amor é assim
desgrenhado
Mar Arável: Essa tua expressão é exímia: desgrenhado! É precisamente isso...:) bj
Era assim a Soror Saudade...
Um beijo.
Fernando Samuel: grande livro, de saudosismo e romantismo do início do século..:)) Beijo.
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