15/03/10

José


Este é um poema de tributo e afecto do José Agostinho Baptista, ao seu companheiro e amigo cão-josé.
Na verdade, um sr. cão, com 13 anos...


Vi, no teu rosto de cão,
o amor que pouco vi no rosto dos homens.
Às vezes,
a meio das noites,
a meio da extrema solidão da minha vida,
era como se tivessem descido à terra
quatro astros emudecidos,
e então,
como silenciosas gotas nascidas no céu,
caíam duas lágrimas dos teus olhos,
da sua bondade,
do seu assombro,
e ali, debaixo das luas que iluminam o mundo,
tu adormecias,
sem qualquer rumor nas pálpebras e na cauda,
como se ouvisses junto aos altares pagãos,
as canções de uma alma doente,
na primavera dos cães.

5 comentários:

Fernando Samuel disse...

Belíssimo poema.

Um beijo.

Mar Arável disse...

Muito belo e sensível

o seu texto

svasconcelos disse...

Fernando Samuel: É sim, de uma sensibilidade imensa como é a do José Agostinho Baptista. Beijo!

Mar Arável: o texto não é meu, é do José Agostinho Baptista, e é bela, sim, esta homengem ao seu cão. bjs,

Armando Sena disse...

O sempre fiel e Leal amigo.

svasconcelos disse...

Armando: e são mesmo! Só tive um cão, durante 3 anos, mas era uma cadela extraordinariamente leal. Os gatos também são, acredita. (lá estou eu com a gataria...)
:))
beijos,