27/03/10

SER SAGE (a propósito do Al-Andalus)

Dessedenta em golpes redobrados teu coração:
muito doente se curou assim
e lança-te sobre a vida como sobre uma presa
porque a sua duração é efémera.

Mesmo que a tua vida durasse mil anos bem cheios,
não seria exacto dizer que era longa.

Acaso te deixarás conduzir pela tristeza até à morte
enquanto o alaúde e o vinho fresco
estão aí à tua espera?

Que as preocupações não se tornem senhoras de ti à viva força
enquanto a taça for uma espada cintilante na tua mão.

Conduzir-se como sage é deixar-se assaltar
pelas preocupações até ao mais fundo de si mesmo:
ser sage para mim é não ser sage.

(La poésie andaluse en arabe classique, tradução francesa de Henri Pérès, p. 361)

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