De volta a casa e ao trabalho, o rescaldo da festa ainda se faz sentir e notar, inclusive, pelo meu desalento,não reposto, devido ao regresso...
O tempo impõe-me a brevidade deste registo e o trabalho que me aguarda clama à minha consciência o devido, mas a minha teimosia afirma-se só pela vontade de o repetir convictamente:
NÃO HÁ FESTA COMO ESTA!!E que não se pense que esta é uma frase retirada do colectivo, qual eco propagandístico, como já me acusaram. Não! E para isso, desafio quem o contesta a lá ir em anos vindouros.
Para quem nunca lá foi e recusa sequer a hipótese de um dia lá pisar , que imagine o seguinte:
Uma entrada de afã saudável, sem atropelos e com rostos iluminados por convicções, saudada por um grupo musical de jovens de batuques em riste, encorpando desde cedo as emoções que ainda virão. De relance abarca-se todo o espaço, sem o detalhar, e é enorme e grandioso, bem ordenado, onde as pessoas circulam ordeiramente, sem que isso lhes seja imposto.
São tantos os pavilhões temáticos e locais e as ofertas tão variadas, que o difícil é saber por onde começar... No meu caso, e atendendo à minha própria realidade, limitada pelos dois dias em que podia lá ir, e expectativas, delimitei o que faria e onde iria, sem que o plano , porém se cumprisse na íntegra, pois o improviso interveio - e ainda bem!
Circulando pela cidade internacional, uma das metas que traço sempre, a harmonia do encontro com o longínquo afigura-se numa identidade imediata, que confere presença ao interregno de um ano, desde o último encontro. A cultura está patente em cada país, as raízes identitárias de cada lugar, os motivos simbólicos, qual ícones, e a divulgação da luta intrínseca de cada povo. Trocam-se experiências, "arranham-se" outros idiomas e vincamos em cada palavra o sorriso - sempre o
SORRISO, tão franco e permanente em todo o recinto, em cada um dos dias, em cada um (sim, cada um!!) dos rostos.
Somos tantos a circular pelas avenidas e a espraiar-se imperceptivelmente em cada lugarejo da nossa escolha. Aos encontrões inevitáveis, ao invés das carrancas soberbas do quotidiano, sobressai um sorriso (sempre o sorriso a testemunhar a festa!) e um franco pedido de desculpas. As filas necessárias para os recintos, são velozes no andamento, e confesso que não concluí se se deve ao prazer imenso de lá estar, que esbate qualquer impaciência da espera, ou se pela tamanha ordenação e disciplina naturais de cada um de nós que as fazem fluir sem cansar.
Difícil é escolher onde comer... as iguarias são tantas e diversas, que a gula desperta e a indecisão inquieta e confunde. Optei pelo Alentejo - o chão imenso do meu afecto - onde os pezinhos de coentrada rapidamente se esgotaram e os torresmos e iscas se impuseram como alternativa à altura. Mas podia ter ido à espetada e bolo do caco da Madeira, à alcatra dos Açores ou ao rancho em Vila Real... Esta festa é um roteiro gastronómico, nacional e internacional, por excelência, acompanhado dos vinhos de cada região.
Ainda não estão convencidos?!
Bom... a oferta cultural é tão vasta que não cabe aqui. Eu mesma limitei-a à feira do livro e a uma exposição de desenhos (onde se expunha, entre outros, desenhos do José Dias Coelho e do Rogério Ribeiro). No recinto do livro , cabem todas as ofertas literárias, debates e lançamentos de livros com assistência presencial de alguns autores. São horas a folhear livros e a resistir estoicamente à tentação de os trazer todos... E há a feira do disco, exposições de ciência, concertos ao vivo com atrações como os "Deolinda" , "A naifa", entre muitos outros, e vários espectáculos de teatro ao longo dos dias. Podia ainda discorrer no espaço para crianças e tantos outros para debates e concertos com grupos menos divulgados... E no café da Amizade, ponto de encontro de eleição, onde se cruzam tantos amigos e se debate a actualidade ou simplesmente a vivência de cada um...
O tempo é parco para a grandiosidade deste local, não só espacial, mas sobretudo humana e, claro, ideológica. E creiam que quem não partilha da ideologia não se sente um estranho entre os demais. É logo "integrado" neste universo excelso da Amizade, que não tem cor, seja ela de que natureza for e as diferenças são elos de encontro e intercepção.
E mais uma vez subscrevo, que não há mesmo festa como esta!
PS- E os cartazes, claro, são consonantes, e muito, muito avante...:)))
10 comentários:
Ufa, fiquei convencido. O que eu tenho perdido...reserva-me uma entrada para a do próximo ano. Já!
Nunca conseguimos fazer na Festa tudo o que queremos. Aparecem sempre imprevistos ou, pelo menos, situações 'não listadas'. Por isso perdi dois debates - mas ganhei dois excelentes dedos de conversa com amigos - e como não tenho o dom da ubiquidade perdi alguns espectáculos...
Mas gostei tanto de te dar aquele abraço!!!
Beijinho.
Que pena um espaço tão belo
e significativo
não ser um ponto de encontro permanente
Afinal, não nos encontrámos...
Foi pena.
Um beijo.
João Pedro disse...
A Festa foi boa, pah...Mas sem recorrer a Bach ou Daniel Sampaio direi que o menos bom foi ter presenciado a desnecessária arte da fuga...Em qualquer caso foi bom, pah...Assim, obrigado, Catarina... Para o ano lá estaremos se o tempo que me vai faltando o permitir...
Bjs.
Armando: Ai, reservo mesmo!! Para ti e filhotas! Vocês iam adorar, a sério! Está combinado então para o próximo ano!:)) Beijo,
Maria: Isso é certo, não vale a pena planear muito, é tanta a oferta e diversidade de eventos que não se consegue ir a tudo. E é tudo tão bom, que o tempo.... voa! Mas melhor mesmo é reencontrar os amigos e fazer novos, e isso é mais do possível na nossa Festa!:)) Também gostei muito de te ver, Maria! Um beijo,
Mar Arável: dou-te toda a razão!!:)) beijo,
Fernando Samuel: pois foi, mas foi por pouco... quando cheguei ao pé das tuas (lindasssssssss!!) netinhas , tinhas saído há pouco de lá... foi pena, sim.:) Um beijo,
João Pedro: eu não fugi! Porque o faria? Mas quando ia para o recinto de Setúbal, ao olhar para trás, já não te vi . Ainda procurei com o olhar a ver se te via, mas naquela multidão era difícil... beijo amigo para ti, é claro que para o ano lá estarás!:)
Linda descrição, sem fugir à pura realidade...
Nesses "doces encontrões", que referes, surge,mais uma oportunidade de ver um sorriso, e de dar um afavel sorriso...
Muitas pessoas que conheço, em tom de provocação carinhosa, costumam-me dizer:
"Vocês que são contra a exploração de quem trabalha, trabalham de borla para a festa... estão a ser explorados..."
No entanto dizem isto só para me ouvirem que nem todos os pagamentos são feitos, tendo por base, o dinheiro... A festa da-nos "coisa" que no balanço final, somos nós os devedores..
Para o ano há mais...
Sopro Leve:
Eu acho que, com o meu entusiasmo, já consegui persuadir dois amigos a lá ir no próximo ano. Por mim, também ao ler o teu comentário, acho que fiquei mesmo a dever muito à Festa, e no próximo ano farei tudo o que puder para tirar uns dias, por poucos que sejam, para ir ajudar a construir a Festa de todos nós. Uma causa destas merece todo o o meu empenho!
beijo,
Foi a minha primeiro Festa e adorei. Não há de facto, festa como esta. Também fui ver o concerto dos Naifa e gostei bastante, foi a primeira vez que os vi. A Secção Internacional foi também um dos meus locais de predilecção e tenho de dar os meus parabéns à boa cozinha da Catalunha e da Espanha. Reencontrei muitos camaradas e amigos e conheci outros. Foram 3 dias de convívio, amizade e boa comida. Foram três dias de Festa.
Bjs.
Nelson Ricardo: a primeira, a sério?!:)) Ora, que grande estreia, de facto a FESTA foi linda!Linda!!
beijo,
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