Eu sei, não te conheço mas existes.
por isso os deuses não existem,
a solidão não existe
e apenas me dói a tua ausência
como uma fogueira
ou um grito.
(...)
Eu sei, não digas, deixa-me inventar-te.
ao é um sonho, juro, são apenas as minhas mãos
sobre a tua nudez
como uma sombra no deserto.
É apenas este rio que me percorre há muito e desagua em ti,
Porque tu és o mar que acolhe os meus destroços.
É apenas uma tristeza inadiável, uma outra maneira de habitares
Em todas as palavras do meu canto.
Tenho construído o teu nome com todas as coisas.
tenho feito amor de muitas maneiras,
docemente,
lentamente
desesperadamente
à tua procura, sempre á tua procura
até me dar conta que estás em mim,
que em mim devo procurar-te,
e tu apenas existes porque eu existo
e eu não estou só contigo
mas é contigo que eu quero ficar só
porque é a ti,
a ti que eu amo.
Joaquim Pessoa
4 comentários:
Belíssimo!
Um beijo.
Brutal. E eu, ignorante mor, não sei quem é Joaquim Pessoa.
Boa escolha
Bj
Fernando Samuel: É mesmo!:)) Não me canso de o (re) ler.
beijo,
Armando: Não digas isso, sabes tantas coisas que eu também não sei. Joaquim pessoa é um (GRANDE!) poeta português (do Barreiro acho eu) nascido nos anos 40 (ou 50?). Tem uma obra vasta e belíssima. Se puderes, procura conehcê-lo. Vale a pena.
Um beijo,
Mar Arável: :)
beijo,
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