02/08/10

Soneto ( de amor)


Não pode Amor por mais que as falas mude
exprimir quanto pesa ou quanto mede.
Se acaso a comoção falar concede
é tão mesquinho o tom que o desilude.

Busca no rosto a cor que mais o ajude,
magoado parecer aos olhos pede,
pois quando a fala a tudo o mais excede
não pode ser Amor com tal virtude.

Também eu das palavras me arreceio,
também sofro do mal sem saber onde
busque a expressão maior do meu anseio.

E acaso perde, o Amor que a fala esconde,
em verdade, em beleza, em doce enleio?
Olha bem os meus olhos, e responde.


António Gedeão

3 comentários:

trepadeira disse...

Compreendo a melancolia da Catarina de todos nós.
Belo soneto.
Cordial abraço,
mário

Fernando Samuel disse...

À maneira de Camões...
Belo!

Um beijo

svasconcelos disse...

Mário: A melancolia é um trampolim para a reflexão introspectiva, também... beijo:)

Fernando Samuel: É sim:) Um beijo