Não pode Amor por mais que as falas mude
exprimir quanto pesa ou quanto mede.
Se acaso a comoção falar concede
é tão mesquinho o tom que o desilude.
Busca no rosto a cor que mais o ajude,
magoado parecer aos olhos pede,
pois quando a fala a tudo o mais excede
não pode ser Amor com tal virtude.
Também eu das palavras me arreceio,
também sofro do mal sem saber onde
busque a expressão maior do meu anseio.
E acaso perde, o Amor que a fala esconde,
em verdade, em beleza, em doce enleio?
Olha bem os meus olhos, e responde.
António Gedeão
3 comentários:
Compreendo a melancolia da Catarina de todos nós.
Belo soneto.
Cordial abraço,
mário
À maneira de Camões...
Belo!
Um beijo
Mário: A melancolia é um trampolim para a reflexão introspectiva, também... beijo:)
Fernando Samuel: É sim:) Um beijo
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