...porque hoje, também, é dia de luta:
De tudo despojados,
é tudo, sem excepção, que desejamos.
Nunca tivemos nada.
Nunca tivemos nada.
Por isso, tudo termos
o aceitamos só
como tido por todos, para todos.
Uma simples dentada
numa maçã me sabe
melhor, se ao dá-la, outros evoco
outras maçãs mordendo,
ou um copo de vinho
me retempera mais,
quando em comum bebido,
ou uma canção
entoá-la
mais mo apetece em coro,
ou, até, morrer, companheira minha,
mo há-de ser menos custoso
contra o teu quente e afável peito.
Isto, que vale pouco,
para nós tudo vale.
Nunca nenhum de nós
se sentiu solitário.
E se a algum de nós cabe,
ocasionalmente, ter algo mais que dar,
maior o é, em troca,
a sua ocasional satisfação.
Por prémio chega-nos
nunca termos prémio,
senão na nossa própria consciência,
em nós moldada
por activa opção
em colectivo brado
de uma carne e de um sangue colectivos,
alheia a deuses mortos e empalhados,
jurados como espírito por escárnio,
como ídolos de humana forma impostos.
(...)
Armindo Rodrigues
8 comentários:
Canção combatente, de luta e resistente!
Excelente poema do Armindo Rodrigues :)
Beijinho.
A mesma luta de sempre.
Um beijo.
A mesma luta de sempre...
um beijo.
Maria: Eu gosto muito de tudo do Armindo rodrigues.:)) beijo.
Fernando Samuel: uma grande luta, por todos e para todos. Um beijo.
Sílvia, dias de luta são todos. E a poesia é muito mais do que um caderno de encargos. Vendo bem, as verdadeiras lutas são individuais e muitas vezes anónimas. Bjs.
António: de acordo, dias de luta são todos. A luta individual é essencial, sem dúvida, mas houve lutas (na História, inclusive)que sendo massas, foram de uma autenticidade incontestável.
E a poesia é em si (ou pode ser...) uma expressão de luta individual, com eco num colectivo...
Este poema veio na (re) lembrança desse aspecto, num dia que (TAMBÉM) foi de luta, 8 de Julho.
beijo,
Grande poema! A luta só faz sentido se for feita em nome do colectivo.
Nelson Ricardo: ... sobretudo, sim. beijos,
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