Inspirada pela poesia do Cravo de Abril, hoje escolhi Manuel da Fonseca, também ele poeta do Novo Cancioneiro, para "recitar" um dos seus poemas:
«A caridade é amor»
Proclama dona Abastança
Esposa do comendador
Senhor da alta finança.
Família necessitada
A boa senhora acode
Pouco a uns a outros nada
«Dar a todos não se pode.»
Já se deixa ver
Que não pode ser
Quem
O que tem
Dá a pedir vem.
O bem da bolsa lhes sai
E sai caro fazer o bem
Ela dá ele subtrai
Fazem como lhes convém
Ela aos pobres dá uns cobres
Ele incansável lá vai
Com o que tira a quem não tem
Fazendo mais e mais pobres.
Já se deixa ver
Que não pode ser
Dar
Sem ter
E ter sem tirar.
Todo o que milhões furtou
Sempre ao bem-fazer foi dado
Pouco custa a quem roubou
Dar pouco a quem foi roubado.
Oh engano sempre novo
De tão estranha caridade
Feita com dinheiro do povo
Ao povo desta cidade.
in "Poemas para Adriano"
3 comentários:
O GRANDE MANEL!
Um beijo.
O meu
nosso
querido Manuel da Fonseca
Fernando Samuel: a poesia do teu blogue levou-me a ele.:) beijo
Mar Arável: Nosso:) Sabe bem recordá-lo.. bjs
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